Onde sua energia está vazando: Persona, Matriz Comportamental e o Custo Invisível de Sustentar QUEM VOCÊ NÃO É

A maioria dos empresários acredita que a exaustão vem do excesso de trabalho, das decisões diárias ou da pressão por resultados. Mas, na prática, o maior vazamento de energia acontece dentro, no esforço constante de sustentar uma identidade que já não representa mais quem a pessoa é de verdade.

Carl Jung já apontava que a psique humana se organiza em partes. No mundo dos negócios, isso se manifesta com clareza: existe o empresário que você aprendeu a ser para liderar, performar e prosperar, e existe o ser humano que sente, percebe e reage além desse papel.

A persona é essa identidade funcional. É a imagem do empresário confiante, racional, resolutivo, sempre no controle. Ela não é falsa; ela é necessária para operar no mercado, liderar equipes e tomar decisões. O problema surge quando a vida inteira passa a ser vivida apenas a partir dela.

Tudo o que não cabe nessa persona — emoções, dúvidas, desejos, intuições, limites e até talentos não explorados — é empurrado para fora da consciência. É nesse espaço que se forma a sombra. E sombra não é defeito. É energia psíquica reprimida.

Quanto mais rígida a persona, mais energia fica acumulada na sombra. E energia que não circula se transforma em tensão, ansiedade, irritação constante, impulsividade, cansaço crônico ou sensação de vazio, mesmo com resultados financeiros positivos.

Entre a persona que sustenta a imagem e a sombra que guarda o que foi negado, surge o alter ego. Ele é aquela versão sua que aparece em contextos específicos: mais impulsiva, mais ousada, mais agressiva, mais sensível ou mais livre. O alter ego não é um problema; ele é um sinal de que algo em você busca espaço.

No universo empresarial, isso aparece quando o líder “muda” fora do trabalho, quando age de forma oposta ao que prega ou quando precisa de válvulas de escape para aguentar a própria rotina. O alter ego surge como tentativa de aliviar a pressão interna.

Tudo isso está organizado por algo mais profundo: a matriz comportamental. Ela é o padrão automático que define como você reage, decide, se posiciona e se protege emocionalmente. Sua matriz foi construída a partir da sua história, do ambiente em que você cresceu e das estratégias que garantiram sua sobrevivência e sucesso.

A matriz comportamental sustenta a persona. Ela dita o ritmo, o nível de controle, a forma de liderança e até a maneira como você lida com risco, poder e vulnerabilidade. Quando essa matriz se torna rígida, ela exige um gasto enorme de energia para manter tudo funcionando do mesmo jeito.

É aqui que muitos empresários perdem vitalidade sem perceber. Não é o negócio que cansa; é o esforço interno para manter coerência externa enquanto, por dentro, partes importantes estão sendo silenciadas.

Quanto mais distante sua vida está da sua verdade interna, mais a matriz comportamental entra em modo automático de sobrevivência. Ela repete padrões que já deram certo no passado, mesmo quando eles já não sustentam crescimento, prazer ou clareza.

O alter ego, então, vira uma fuga. Não porque ele seja errado, mas porque ele não foi integrado conscientemente. Ele passa a consumir energia em vez de devolver força, criatividade e presença.

Jung chamaria esse estado de uma psique fragmentada, onde partes disputam energia em vez de cooperarem. No mundo dos negócios, isso se traduz em líderes cansados, decisões reativas, dificuldade de delegar, perda de intuição e sensação de estar sempre “apagando incêndios”.

Integrar não significa abandonar a persona nem perder autoridade. Significa reconhecer a própria matriz comportamental, entender por que ela foi criada e permitir que novas formas de resposta emerjam sem colapso interno.

Quando a sombra é acolhida, a energia que antes sabotava passa a sustentar clareza, foco e potência. Quando o alter ego é integrado, ele deixa de ser uma válvula de escape e se transforma em recurso estratégico.

A matriz comportamental, então, deixa de operar no automático e passa a servir à consciência. O empresário para de gastar energia se defendendo de si mesmo e começa a direcioná-la para decisões mais alinhadas, relações mais honestas e crescimento sustentável.

No fim, a verdadeira alta performance não vem de fazer mais nem de se cobrar mais. Ela nasce quando você deixa de sustentar quem precisou ser para sobreviver e passa a liderar a partir de quem você já é, inteiro.

Compartilhe nas redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saiba mais
Precisa de ajuda?
Agni Eros
Olá, podemos ajudar?