E por que entender o seu pode mudar sua vida sexual para melhor
Você pode até achar que não tem, mas a verdade é: todo mundo tem algum fetiche em certo nível. Pode ser um tipo específico de roupa, uma situação, uma parte do corpo, um cheiro, uma palavra, um toque… Fetiche não é uma coisa “estranha” — é só uma forma única de sentir prazer. E quanto mais você conhece o seu, mais liberdade e autenticidade você tem na hora de se relacionar.
Segundo os maiores especialistas em sexualidade humana, como o sexólogo americano Justin Lehmiller, autor do livro Tell Me What You Want (2018), mais de 95% das pessoas já tiveram fantasias sexuais consideradas “fora do comum” — e a maioria delas envolve algum tipo de fetiche.
Um estudo publicado no Journal of Sex Research em 2017 mostrou que 44% dos homens e 36% das mulheres já fantasiaram com práticas de dominação e submissão, enquanto cerca de 33% dos homens relataram fetiches por pés, sapatos ou meias. E sim, isso é muito mais comum do que se imagina.
Aqui no Brasil, uma pesquisa feita pela terapeuta Deise Gê com 1.500 homens entre 18 e 60 anos revelou que o fetiche por pés e sapatos é o mais comum entre os brasileiros. Outros elementos citados foram lingeries, uniformes, massagens e diferentes formas de toque ou sons que despertam prazer.
O que isso tudo mostra? Que não existe certo ou errado — existe o que funciona pra você. Fetiche é uma extensão do seu mapa erótico. É como seu corpo, sua mente e sua história se combinam pra transformar estímulos em prazer. E o melhor: é totalmente único.
A sexologia moderna, junto com visões mais integrativas como o tantra, defende que abraçar os próprios desejos — e expressá-los com consentimento e respeito — é libertador e saudável. Guardar tudo isso por medo, vergonha ou culpa pode causar frustração, insegurança e até disfunções sexuais.
E mais: entender os fetiches não serve só para o sexo, mas também para o autoconhecimento. Eles revelam muito sobre nossas emoções, padrões de poder, criatividade, memórias afetivas e até nosso jeito de amar.
Por exemplo: uma pessoa que tem fetiche por dominação ou submissão, muitas vezes está lidando (de forma simbólica) com questões de controle, confiança e entrega — algo que também pode aparecer no jeito como ela conduz seus negócios, se relaciona com a família ou lida com decisões importantes. Quem sente prazer com estímulos sensoriais — como cheiros, texturas ou sons específicos — pode ser alguém altamente conectado com a estética, com a arte ou com experiências de presença e atenção plena. Ou seja, os fetiches são como portais: quando você investiga de onde eles vêm e o que despertam em você, pode descobrir aspectos profundos sobre sua história, seus limites e suas potências pessoais.
Resumindo: todo mundo tem um fetiche. Alguns mais evidentes, outros mais sutis. O problema nunca foi ter um — o problema é reprimir, julgar ou ignorar. Quando a gente começa a se aceitar de verdade, tudo muda: a autoestima cresce, o prazer aumenta e os relacionamentos ficam mais autênticos.