Chega um momento em que você percebe: venceu o jogo. É respeitado, o saldo é invejável, o aplauso é constante. Mas por dentro… tudo sem graça. Foi exatamente assim comigo. Eu já tinha conquistado o que dizia querer. Estava no topo. Mas havia algo que ninguém via e nem eu mesma sabia nomear. Um vazio persistente. Um cansaço de mim.
A vida que parecia perfeita aos olhos dos outros já não fazia mais sentido para mim. O prazer havia desaparecido, inclusive o de viver. Eu me tornei especialista em performance, em resultados, em controle. Mas não sabia mais me escutar. Nem sentia verdade no que fazia. Faltava algo e esse algo era eu.
Foi quando comecei a estudar o que nunca nos ensinam: a sabedoria das emoções humanas e a sexualidade como portal de reconexão interior. Descobri que há uma diferença brutal entre sustentar sucesso e sustentar a si. E que sem presença verdadeira, o sucesso se torna prisão.
Na base do que eu descobri, está um princípio da física quântica: somos feitos de campos vibracionais que se organizam a partir da coerência entre pensamento, emoção e presença. Quando atuamos no mundo focados apenas na performance externa, perdemos a ressonância com nossa essência. E é aí que surge o colapso: doenças, vícios sutis, apatia, compulsões, sabotagens silenciosas.
A neurociência afetiva reforça isso: o cérebro humano precisa de vínculo, prazer e significado para funcionar em seu potencial mais elevado. Emoções não são obstáculos são mapas. E, quando ignoradas, passam a gritar no corpo em forma de fadiga, ansiedade e autossabotagem.
Aprender a escutar essas emoções mudou tudo. A raiva, por exemplo, quando silenciada, não desaparece, ela se acumula e contamina. Pode se disfarçar de controle, de autoproteção, até virar exaustão. Mas quando integrada com consciência, se transforma em coragem instintiva, em força que rompe padrões e move fronteiras.
A tristeza, quando acolhida sem pressa, não paralisa, ela purifica. É uma mestra silenciosa da regeneração da alma. O medo, quando respeitado, mostra onde ainda falta estrutura interna. Ele não é inimigo, é bússola. E a alegria, quando vivida sem culpa, recarrega o corpo com sentido, leveza e desejo de continuar.
Mas havia dois venenos ocultos que intoxicavam silenciosamente minha existência: a culpa e a vergonha. A culpa me mantinha presa em papéis de aprovação. A vergonha me fazia duvidar de mim, mesmo depois de tudo que já tinha conquistado. Libertar essas emoções foi um processo onde eu precisei olhar para o que escondia e acolher minhas sombras com dignidade.
Foi nesse mergulho que reencontrei o meu instinto uma das cinco Potências do Método ÉROS que eu criei. O instinto é o acesso ao nosso impulso vital. É a força criativa que nos move, nos guia, nos protege. Mas ele foi domesticado pela vergonha e desfigurado pela culpa. Recuperar esse instinto, sem censura, é recuperar o prazer de ser.
E, para isso, precisei habitar em mim as cinco potências que hoje sustento com clareza:
• A potência física, que me reconectou ao corpo, à saúde e ao prazer sem anestesia.
• A potência emocional, que me ensinou a sentir com inteligência.
• A potência racional, que trouxe foco com propósito.
• A potência espiritual, que devolveu direção e pertencimento à minha alma.
• E a potência instintiva, que me fez confiar de novo em mim — sem medo do meu desejo.
Foi nesse caminho que descobri o verdadeiro significado do amor. Amar não é depender, agradar ou se anular pelo outro. Como dizia Osho, “o amor verdadeiro nasce da abundância interior.” Só é possível amar de forma profunda e livre quando se está inteiro por dentro. E amar a si é o primeiro passo o mais corajoso.
Amar a si é permitir-se viver o que o corpo pede. Sentir prazer sem culpa. Estar presente sem se explicar. É parar de performar para ser amado e finalmente habitar o próprio centro com dignidade. Quando isso acontece, os relacionamentos mudam. O trabalho muda. O mundo responde com coerência.
Hoje, eu ensino o que precisei atravessar. Não falo de teoria falo de travessia. Eu segurei meus pedaços no escuro. E descobri que, do outro lado da dor, existe potência. Existe prazer. Existe presença. E existe um novo jeito de viver, amar e liderar.
Se você chegou até aqui, talvez algo em você também esteja pedindo por um novo caminho. Não o da fuga, nem o da performance. Mas o da conexão com sua parte que se perdeu de você. Um caminho para voltar pra si — inteiro, potente e verdadeiro.
Talvez não seja coincidência você ter lido até o fim.
Algumas verdades não gritam.
Elas sussurram quando a alma já está pronta pra ouvir.