Vivemos em uma era onde o sucesso é medido pela velocidade, pela produção e pelos títulos acumulados. homens de alta performance, como CEOs, Empresários, Líderes, são muitas vezes aplaudidos por sua capacidade de agir rápido, resolver problemas e sustentar grandes estruturas. mas, por trás dessa engrenagem impecável, há uma pergunta que poucos se fazem: esse sucesso está sendo sustentado com leveza ou com exaustão?
De acordo com a International Stress Management Association (ISMA), uma das principais associações mundiais voltadas ao estudo e prevenção do estresse, o brasil está entre os países com maior índice de burnout no mundo. estima-se que mais de 70% da população ativa sofre de algum nível de estresse crônico, sendo os executivos e profissionais de liderança os mais afetados. esse dado não é apenas um alerta clínico, é um sinal de que muitos homens estão presos em um modelo de sucesso que cobra demais e devolve de menos.
Mas o que está por trás desse padrão silencioso de autoexigência? para responder a isso, precisamos ir além das planilhas e agendas lotadas. precisamos olhar para a psiquê.
O que é psiquê?
Na psicologia analítica de carl jung, a psiquê é a totalidade da vida mental e emocional de uma pessoa. ela inclui não apenas o pensamento racional, mas também os sentimentos, as memórias, os desejos, os sonhos, os instintos e a espiritualidade. em outras palavras, a psiquê é o que te move por dentro, mesmo quando você está parado por fora.
Negligenciar a própria psiquê é como governar um reino inteiro e esquecer de visitar os salões internos do castelo. a mente pode até estar ativa, mas a alma está soterrada sob camadas de controle, medo e sobrecarga.
Pausar não é fraqueza. é reinício.
Na parábola “o rei diante do mar”, o rei representa esse homem contemporâneo que conquistou o mundo, mas perdeu a si mesmo. ele tem poder, bens e comando, mas carrega um buraco silencioso. e esse buraco não é um fracasso, é um chamado. um chamado para voltar ao próprio centro, onde não há performance, mas presença.
O que é presença emocional?
Presença emocional é a capacidade de estar em contato com o que se sente, sem julgar, sem reprimir, sem fugir. é quando um homem sente raiva e reconhece essa raiva, sem deixá-la virar violência. quando sente tristeza e permite que ela flua pelo seu corpo como uma forma de autorregulação, sem torná-lo fraco. quando sente prazer e se autoriza a desfrutar, sem culpa ou necessidade de se provar.
É diferente de reatividade. a presença emocional integra: ela permite que você sinta o que sente, dê lugar para cada um ego autêntico. o ego autêntico é quando você está presente, agindo em alinhamento com suas emoções, valores, instintos e propósito, não apenas com as expectativas externas.
Na linguagem da neurociência, isso se conecta com a autorregulação emocional: a habilidade do cérebro de manter o equilíbrio diante de estímulos intensos. e essa habilidade não nasce da pressa, mas da pausa. o cérebro precisa de pausas regulares para consolidar memórias, processar emoções e reorganizar a energia interna. sem isso, o sistema colapsa, e o corpo adoece.
As cinco pedras do rei: uma metáfora para o homem inteiro
Na história, o velho entrega ao rei cinco pedras, cada uma representando uma força vital:
- Azul – espírito: a dimensão que transcende o tempo, conectada à fé, ao que dá sentido à vida e ao silêncio interior.
- Vermelha – corpo: a consciência física, a energia vital, uma consciência que pulsa e avisa o que precisa de atenção.
- Dourada – emoções: o sentir profundo, que traz significado à experiência e norte para a jornada da vida.
- Cinza – razão: a capacidade de pensar, planejar e agir com lógica alinhada àquilo que te nutre.
- Verde – instinto refinado: a intuição que nasce do corpo e da pausa, não da ansiedade. um saber silencioso que sabe quando avançar e quando recuar.
Essas pedras não são apenas simbólicas. elas representam centros de força interligados que, quando equilibrados, transformam o homem em seu próprio trono. um homem inteiro não é o que só conquista, é o que sabe sustentar o que conquista sem se perder de si.
Entre o agir e o aguardar: a maturidade da pausa
Muitos homens confundem pausa com passividade. mas, na verdade, a pausa exige coragem. coragem para parar, escutar o corpo, sentir as emoções, reorganizar os pensamentos e alinhar-se com o próprio espírito antes de tomar decisões.
Jung dizia que “aquilo que negamos em nós, retorna como destino.” o homem que nega suas pausas, mais cedo ou mais tarde, é forçado a parar, por uma doença, um colapso, uma crise existencial.
Parar não é retroceder. é reconectar. e, nessa reconexão, o instinto deixa de ser selvagem e vira bússola. a razão deixa de ser ditadora e vira conselheira. o corpo deixa de ser máquina e vira templo.
Conclusão: o verdadeiro poder é sustentado com leveza
O rei da parábola entendeu que não precisava abdicar de seus reinos, mas aprender a reinar com leveza, fluidez e presença. e isso só foi possível quando ele parou de lutar contra si mesmo. quando entendeu que desfrutar também é potência. que a pausa também é movimento. que o maior trono não é externo, é o centro de si mesmo.
Se você, como esse rei, já conquistou muito, mas sente que ainda falta algo, talvez o que falta não seja mais, mas menos. menos pressa. menos rigidez. menos autossabotagem. e mais presença.
Pausar é o que permite reinar sem se perder.
Meditação – “pausa no centro do sucesso”
Encontre um lugar tranquilo. sente-se com a coluna ereta e os pés firmes no chão. feche os olhos.
Inspire profunda e lentamente… e solte o ar com leveza.
Mais uma vez… inspire… e ao expirar, imagine que está diante do mar. o sol se põe diante de você. tudo ao redor silencia. só você… e o som das ondas.
Agora, leve sua atenção para o corpo. sinta os pés, as pernas, o abdômen. há alguma tensão? apenas observe. acolha.
Leve a atenção ao seu coração. como estão suas emoções agora? há pressa, tristeza, alegria, ou apenas confusão? dê nome ao que sente, sem julgar. apenas reconheça.
Agora leve a atenção para a mente. que pensamentos estão aí? o que tem ocupado sua cabeça? visualize os pensamentos como nuvens, eles vêm… e vão.
Conecte-se, então, com seu instinto. há algo dentro de você que pulsa, que chama, que deseja? um movimento interno de vida? respire fundo… e permita que essa força apareça.
Por fim, conecte-se ao seu espírito. não como religião, mas como a pausa para olhar para aquilo que realmente faz sua vida ter sentido mesmo se todos que você ama não existissem. o que te faz sentir que está onde deveria estar? o que realmente dá sentido à sua existência?
Agora, visualize essas cinco forças, corpo, emoção, mente, instinto e espírito, como cinco pontos de luz (azul, vermelho, dourado, cinza e verde) que se unem em seu centro. elas não disputam espaço. elas cooperam.
Permita-se ficar alguns instantes nessa integração. sentindo-se inteiro. sem pressa de conquistar, sem medo de parar.
Quando estiver pronto, traga essa presença para sua vida prática.
Porque o maior sucesso… é ser você, por inteiro.








