Eu não fui pra agradar.
Nem pra ser aceita.
Nem pra provar nada a ninguém.
Naquela noite, eu fui só… eu.
Inteira. Cheia de tesão.
Com o corpo pulsando liberdade e o coração leve de quem não devia explicação.
Cheguei na festa com alguns amigos. A casa vibrava — gente bonita, música boa, corpos presentes. Fui ao banheiro logo que cheguei. Lá encontrei uma ruiva linda. Conversamos como mulheres conversam no banheiro: com uma intimidade que ignora o tempo, com a leveza de quem não disputa espaço, mas compartilha.
Saí e dei de cara com o Socorrista — ele mesmo, com quem eu tinha vivido algo alguns dias antes. Naquela noite, ele não estava de plantão. Estava livre. Solto. E com um brilho nos olhos.
Disse que queria me apresentar a uma amiga. Justamente a Ruiva.
Eu sorri.
Disse a ele:
“Deixa acontecer naturalmente. Vamos sentir.”
Fui dançar com um moreno café delicioso, desses que conduzem com firmeza e escutam com o corpo. Dançamos. Senti o calor subir. A pele viva. O tempo desacelerado.
Depois, bebi algo e conversei com um casal naturista. Eles me contaram sobre a experiência de estar em um espaço onde os corpos não são reduzidos a objetos. Onde é possível estar nu — não para ser olhado, mas para se sentir inteiro. Onde a pele é pele — e não produto.
Me tocou. Aquilo dizia muito sobre liberdade.
Mais tarde, desci as escadas. Era uma casa de dois andares.
O Socorrista se aproximou com a Ruiva e disse:
“Tem um espaço lá em cima. Um X de ferro… quer brincar com a gente?”
O espaço de BDSM era delicado e bem montado — o “X” é uma estrutura usada para amarrações leves, que convidam à entrega com consciência.
Não era sobre dor.
Era sobre presença.
Amarrei o Socorrista com cuidado, respeitando os pulsos, as distâncias.
Enquanto beijava sua boca com firmeza, perguntei no seu ouvido:
“Posso morder você com força e bater forte?”
Ele respondeu, com honestidade:
“Esse é um limite pra mim.”
Respeitei. Mesmo com vontade.
E isso foi potente.
Porque ali, todos os corpos tinham direito ao sim e ao não. Inclusive o corpo do homem.
Enquanto eu o beijava, a Ruiva o chupava com entrega. Era como ver o prazer se desdobrar em camadas: ele entrelaçado entre duas presenças femininas, rendido, entregue, vivo.
Desamarrei-o. Ela me levou até um canto mais confortável. Me deitei.
Sua boca me encontrou.
Enquanto ela me chupava com intensidade, ele a penetrava por trás.
A energia era quente, mas fluida. Sem urgência. Sem teatro.
O casal naturista apareceu. Olhou com suavidade. Convidei.
Ela se aproximou, me beijou, me chupou com a boca cheia de desejo.
Me entreguei.
Chupei o marido dela com verdade e intensidade. Ele me olhou com reverência e depois me penetrou de quatro.
O quarto era cheio de sons, de pele, de verdade.
Num certo momento, senti que eles estavam prontos para sair.
E tudo bem. Porque ali, ninguém precisava ultrapassar o próprio corpo para agradar.
Outro casal se aproximou. Ele sugeriu que eu chupasse sua mulher.
Observei.
Toquei com os olhos antes de tocar com o corpo.
Me aproximei. Chupei. Ela estava deliciosa.
Mas percebi que ela não se entregava totalmente.
Então, com carinho, coloquei os dedos nela, devagar.
Perguntei o que a fazia se sentir mais confortável.
Ela respondeu:
“Movimentos circulares.”
E eu obedeci.
A cada giro, seu corpo se arqueava. Gemia. Gritava de prazer.
Até que gozou. Forte. Denso. Presente.
Quando terminou, sussurrei em seu ouvido:
“Agora que seu corpo está tomado por prazer, por bem-estar…
envia um recado pra você mesma.
Diga que você merece sentir.
E que pode viver assim — inteira.”
Enquanto isso, um homem se aproximou.
Queria participar. Mas estava sem ereção.
Pediu que eu o chupasse.
Olhei pra ele com respeito. E com verdade.
Disse que não.
Não porque ele não merecesse. Mas porque meu corpo, naquele momento, não quis.
E foi bonito poder dizer isso.
Porque quando a gente está em presença, a gente sabe:
desejo não é julgamento. É momento.
E o “não” também pode ser dito com amor.
Estava muito suada. Então, fui me secar.
Quando voltei, um homem com duas mulheres me pediu:
“Hoje é meu aniversário… posso receber um presente seu? Que tal sua buceta na minha cara?”
Achei engraçado. Direto. E legítimo.
Sorri e disse:
“Você merece.”
Ele deitou no chão.
Me aproximei devagar. Sentei vestida mesmo e rebolava devagar na cara dele, enquanto um outro homem — o marido de uma amiga — me olhava com intensidade.
Há tempos eu fantasiava com ele.
Aquele olhar me acendia.
Enquanto eu rebolava no rosto do aniversariante, beijei o outro.
Lento. Molhado. Verdadeiro.
Fiquei ali por alguns segundos.
Até que passou a vontade.
E fui dar uma volta.
Me deparei com um moreno alto, barba grisalha, corpo forte.
Nos vimos antes — ele havia assistido à interação com o Socorrista e a Ruiva.
Naquele momento, senti que não era hora de incluí-lo.
Porque o desejo do Socorrista de ser cuidado por duas mulheres era tão autêntico, tão bonito, que eu quis que ele vivesse aquilo com plenitude.
Agora, era outro tempo.
O Moreno se aproximou.
O Socorrista viu.
“Adorei ver vocês três juntos lá em cima”, disse o Moreno.
“Por que ela não experimenta algo semelhante?”, respondeu o Socorrista.
Meus olhos brilharam.
Era exatamente o que eu queria.
Fomos para um quarto mais reservado.
Enquanto o Moreno me pegava de frente e de costas, o Socorrista observava, excitado.
Perguntei se ele queria participar.
“Hoje só quero te ver… e gozar com isso”, ele disse.
E assim foi.
Presença pura.
Ao sair, cruzamos com outro casal. Mais maduros. Atentos. Presentes.
O Socorrista sugeriu:
“E se a gente trocasse um beijo quádruplo?”
Ela beijou ele.
Eu beijei o marido dela.
E tudo se encaixava.
Voltei pra casa plena.
Não porque foi selvagem —
mas porque me permiti experimentar prazer sem julgamentos.
Vivi prazer sem culpa,
sem medo,
sem precisar me explicar.
E, acima de tudo, respeitando cada sim e cada não —
meus…
e dos outros.