Havia um homem que governava uma cidade inteira com sua mente afiada. ele previa o que ninguém via. transformava problemas em soluções com uma rapidez que fazia inveja até aos mais sábios. seu nome era Silas, e todos diziam que ele tinha um “relógio invisível” dentro da cabeça, um tempo só dele, que não parava nunca.
Mas um dia, ao visitar um velho ferreiro numa vila distante, Silas viu algo curioso. o ferreiro, mesmo com uma fila de espadas para forjar, parava a cada duas horas. pegava uma cadeira de madeira, fechava os olhos e respirava profundamente. dez minutos. sempre dez. depois disso, voltava e moldava com precisão uma nova peça, mais perfeita que a anterior.
Silas, intrigado, perguntou: por que você perde tempo quando tem tanto trabalho?
O ferreiro sorriu sem levantar os olhos: eu não perco tempo. eu forjo silêncio dentro de mim. é nele que minha mão se alinha ao fogo sem se queimar.
Naquela noite, Silas sonhou que seu relógio invisível explodia dentro do peito. acordou ofegante. no dia seguinte, pela primeira vez, sentou-se sob uma árvore e respirou sem pensar.
Os minutos pareceram eternos. mas ao se levantar, uma nova ideia o atravessou como um raio, algo que salvaria sua cidade de uma crise que ele nem sabia estar por vir.
Na pausa, ele viu o que a velocidade escondia.
Desde então, Silas manteve seu relógio. mas aprendeu a desacelerar o tempo por dentro. e ali, entre um passo e outro, construiu não só poder… mas paz.