Você já sentiu um vazio profundo, uma sensação de carência que parece impossível de preencher? Muitas vezes, não conseguimos entender de onde vem essa tristeza, esse buraco emocional. O que poucos sabem é que essas emoções podem ter raízes muito mais antigas do que imaginamos, influenciadas por gerações passadas. A biologia e a ciência da epigenética nos mostram que experiências vividas por nossos avós podem impactar profundamente quem somos hoje, moldando até nossas emoções mais íntimas.
Quando sua avó estava grávida de sua mãe, por volta do quarto mês de gestação, o feto feminino que seria sua mãe já carregava em seus ovários os óvulos que, no futuro, poderiam gerar você. Isso significa que, enquanto sua mãe ainda estava no ventre da sua avó, você já existia como um óvulo. Mas essa conexão vai além da biologia. Durante a gravidez, as emoções, traumas e vivências de sua avó influenciaram diretamente o ambiente uterino, deixando marcas não apenas no desenvolvimento de sua mãe, mas também no óvulo que um dia daria origem a você.
Esse impacto é explicado pela epigenética, que estuda como o ambiente, as emoções e as experiências podem alterar a forma como nossos genes se expressam, sem mudar o DNA em si. Essas “marcas epigenéticas” podem ser transmitidas de geração para geração. Por exemplo, se sua avó viveu rejeição, abandono ou carência emocional enquanto estava grávida de sua mãe, é possível que esses sentimentos tenham deixado traços no óvulo que se tornaria você. Isso pode explicar, em parte, por que você sente aquele vazio que parece sem explicação.
Pesquisas científicas comprovam como experiências traumáticas vividas por uma geração podem afetar as seguintes. Estudos com descendentes de sobreviventes do Holocausto mostraram que eles carregavam alterações genéticas relacionadas ao estresse, mesmo sem terem vivido diretamente os traumas de seus avós. Outro estudo sobre a fome na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial revelou que os netos das mulheres que passaram por essa privação tinham maior propensão a desenvolver problemas emocionais e de saúde, como ansiedade, depressão e distúrbios metabólicos.
Se sua avó viveu rejeição ou carência enquanto estava grávida de sua mãe, isso pode ter influenciado a forma como sua mãe se desenvolveu emocionalmente. Talvez ela tenha nascido com uma tendência maior à insegurança, que pode ter sido transmitida a você de forma consciente ou inconsciente. Esse ciclo cria um padrão de vazio emocional e carência que parece se repetir, mesmo que você não consiga identificar exatamente sua origem.
Esse vazio, essa tristeza profunda, pode ser o eco de gerações passadas que enfrentaram dor, abandono e falta de acolhimento. A boa notícia é que essas marcas, embora reais, não são permanentes. Assim como o ambiente e as experiências moldaram você, suas escolhas no presente podem reescrever essa história. Práticas como terapia, meditação, autocuidado e conexão emocional podem ajudar a romper esse ciclo e criar novas “marcas epigenéticas” positivas.
Entender que parte desse vazio pode vir de experiências que não são apenas suas é libertador. Isso nos ajuda a olhar para nossa história com mais compaixão, reconhecendo que sentimentos como rejeição e carência podem ser herdados, mas não precisam definir quem somos. Ao cuidar de nossas emoções e construir relações mais saudáveis, temos a chance de transformar esse legado, não apenas para nós, mas também para as próximas gerações.
Você não está preso ao passado. O que sua avó e sua mãe viveram moldou quem você é, mas você tem o poder de ressignificar essas experiências. Ao reconhecer e trabalhar essas emoções, você pode preencher o vazio, superar a carência e viver de forma mais plena. Assim, você não apenas cura a si mesmo, mas também transforma a história de sua família para as gerações futuras.