Dizem que em tempos antigos, o corpo da mulher era um templo guardado por um animal sagrado.
Não era um cão, nem um leão.
Era uma criatura com garras suaves e olhos atentos, um guardião do prazer e do limite.
Esse guardião não falava com palavras.
Ele sentia.
E quando o toque era leve, ele acolhia.
Mas quando o toque era apressado, ausente, forçado… ele se fechava.
Um homem sonhou com isso certa noite.
No sonho, ele via uma mulher deitada sobre um campo de neve.
Mas só ela estava coberta pelo frio.
O restante do mundo permanecia quente.
Ele se aproximava para aquecê-la, mas ao encostar nela, algo saía do corpo dela:
um ser com garras e carapaça, como um caranguejo.
Ele se assustava.
Achava que havia algo errado com ela.
Achava que era um monstro.
Mas então, alguém lhe dizia:
“Isso é o guardião.
Ele aparece quando o corpo já não se sente seguro.
Quando o toque não respeita.
Quando o prazer vira invasão.”
Nesse instante, o homem entendeu.
Percebeu que, por muito tempo, havia tocado corpos como se fossem terrenos a conquistar —
não templos a honrar.
Percebeu que, em nome da performance, havia abusado do próprio corpo também.
Ignorou cansaço, sufocou emoção, mentiu desejo.
E que cada vez que ultrapassava seus próprios limites, registrava uma memória de guerra dentro de si.
Memórias essas que, mais tarde, tornavam o prazer mais difícil, a entrega mais distante, a conexão mais fria.
Não porque o corpo falhava —
mas porque ele havia se fechado para se proteger.
Foi então que ele despertou.
E diante da lembrança do sonho,
decidiu que, a partir daquele dia,
toda vez que tocasse um corpo, mesmo em uma aventura,
seria com presença.
Seria com respeito.
Seria com escuta.
Porque o corpo feminino é feito de histórias.
E o corpo masculino também.
E todo corpo, antes de abrir, precisa confiar.
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✧ Meditação Guiada: O Corpo que Lembra
Feche os olhos.
Respire profundamente três vezes, deixando o ar tocar o fundo do seu abdômen.
Solte os ombros. Solte a tensão da mandíbula. Solte as expectativas do peito.
Sinta agora seu corpo como um território sagrado.
Não um campo de batalha.
Mas um templo.
Cheio de memórias.
Coloque a mão no centro do peito ou no baixo ventre.
E pergunte a si mesmo:
“Qual foi o último momento em que meu corpo disse ‘não’, mas eu segui mesmo assim?”
“Quantas vezes eu toquei o corpo de alguém sem escutar a resposta silenciosa que ele me dava?”
“Será que eu estou me tocando, vivendo e sentindo com presença — ou só com exigência?”
Permita-se sentir sem julgamento.
Cada memória registrada no seu corpo pode ser atualizada —
se você se comprometer a tocá-lo com mais presença daqui em diante.
Diga para si mesmo, em voz baixa ou apenas com intenção:
“Meu corpo é minha casa, é um templo.
E eu escolho viver nele com verdade, com cuidado, com prazer.”
Agora, visualize que o guardião do instinto volta —
não para te travar, mas para te proteger de se perder de si.
Ele sussurra:
“Prazer não combina com pressa.
Nem com esforço.
O prazer mora onde há segurança e confiança.”
Respire fundo.
Sinta o corpo inteiro.
E, quando estiver pronto, abra os olhos devagar.
Esse não é apenas um sonho.
É um convite.
Para que todo homem que deseja prazer verdadeiro,
aprenda a tocar com alma —
e a escutar com o corpo inteiro.
Porque um corpo que se sente respeitado…
se abre com confiança.
E um homem que respeita seu próprio ritmo…
se torna digno de entrar onde poucos têm acesso:
no templo do prazer que cura.
Se esse texto te tocou, leia novamente.
Ou compartilhe com quem precisa lembrar que força não é controle —
é presença.
E que só toca verdadeiramente…
quem não esquece que o corpo sente antes mesmo de falar.