Ele era respeitado. Tinha uma empresa sólida, decisões estratégicas afiadas e um relógio de luxo no pulso que marcava cada minuto da sua performance. Para todos, era um provedor de excelência. Para si mesmo, era alguém que não podia parar.
Na mesa de reuniões, era firme. Nos jantares em família, generoso. No espelho, silenciosamente exausto.
Certa noite, ao chegar em casa depois de mais um dia onde tudo dependia dele, encontrou sobre sua poltrona um presente inusitado: uma caixa com uma matriôshka, aquelas bonecas russas que se encaixam uma dentro da outra.
“Ridículo”, pensou. mas algo naquela imagem mexeu. Havia algo de familiar ali. algo que ele havia esquecido.
Movido pela curiosidade, começou a abrir. Na primeira camada, viu o homem musculoso, estrategista, imbatível, sua potência física, construída à base de disciplina e suor, mas cansada de carregar o mundo sozinho.
Na seguinte, encontrou o homem que nunca pôde chorar. Aquele que aprendeu a engolir as emoções para continuar sendo respeitado. Ali estava sua potência emocional, sufocada por décadas de autocontenção.
Na terceira, viu um lobo. olhos atentos, respiração firme, energia pronta. Era seu instinto, adormecido sob ternos e planilhas. A potência do sexto sentido que ele havia trocado por controle.
Mais dentro, a boneca tinha feições de pensador. A mente veloz, lógica, que organizava tudo, mas que também o impedia de sentir. Sua potência racional, premiada no mercado, mas desconectada do próprio prazer.
Por fim, a menor de todas. Sem rosto. Sem fala. Apenas presença. Ali estava sua potência espiritual. Aquela que não precisa provar nada, porque já sabe quem é. Ali, ele chorou.
Pela primeira vez, não por tristeza. mas porque entendeu que o verdadeiro homem não é o que carrega tudo sozinho, mas o que tem coragem de abrir suas camadas, e escolher qual força acessar em cada momento, sem medo de parecer frágil, humano ou livre.
A matriôshka não era um enfeite. era um espelho. E ao abrir cada parte, ele finalmente parou de se dividir para agradar, e começou a se unir para viver com verdade.
🧘🏽♂️ Meditação guiada: o homem por trás da armadura
Feche os olhos. respire profundamente. Inspire… solte o ar. Mais uma vez. permita-se desacelerar por alguns instantes.
Agora, imagine que dentro de você existe uma estrutura com várias camadas. Como se sua identidade fosse construída por bonecas encaixadas, cada uma representando uma versão sua.
A primeira é o provedor. o forte. o que sustenta tudo. Agradeça por ele. ele te trouxe até aqui.
Agora abra essa camada. Você encontrará o que sente. Talvez medo de falhar. talvez uma tristeza antiga. Respire fundo. dê permissão para esse homem sentir, mesmo que por um segundo.
Abra mais uma camada. Ali está seu instinto. a parte selvagem que sabe o que deseja, mesmo quando você tenta ignorar. Sinta. ele nunca te abandonou.
Mais fundo, sua mente. A que resolve tudo, mas às vezes precisa aprender a silenciar. Diga a ela: agora, eu te escuto com calma.
E por fim, a última camada. Não tem forma. só presença. É o ponto dentro de você que não precisa provar, nem agradar. Só estar.
Permaneça aí. uns segundos. Respirando. sentindo. reconhecendo.
E quando voltar, lembre-se: O homem mais forte não é o que esconde suas camadas. É o que sabe qual acessar para viver com potência, sem se perder de si.